Comissão aprova pena de até 6 anos para agressão sexual no transporte público
Por: A Tarde
Na esteira dos
recentes casos de violência sexual no transporte público, a Comissão de
Constituição e Justiça (CCJ) aprovou nesta quarta-feira, 27, dois projetos que
têm como objetivo tipificar o ato de "constrangimento ofensivo ao pudor em
transporte público". A pena prevista em ambos os projetos é de 2 a 4 anos
de prisão, podendo chegar a 6 em caso de violência ou grave ameaça.
A votação ocorreu no mesmo dia em que mais um homem
foi preso em flagrante por prática de ato obsceno em um ônibus em São Paulo. Segundo
a polícia, ele foi detido após se masturbar e ejacular na perna de uma
passageira na zona leste da capital paulista.
"Muita gente tem interpretado que a decisão dos
juízes, nesses casos, é uma decisão de tolerância, de leniência, quando, na
verdade, não é. O problema é que a legislação existente no Brasil não qualifica
adequadamente esse tipo de crime, visto que não é necessariamente um estupro,
mas também não é um atentado simples ao pudor", afirmou o senador Humberto
Costa (PT-PE), autor de um dos projetos aprovados.
Na outra proposta votada em conjunto, de autoria da
senadora Marta Suplicy (PMDB-SP), também está prevista internação provisória do
acusado, desde que haja um laudo pericial preliminar concluindo pela sua
inimputabilidade ou semi-imputabilidade.
Os projetos, aprovados por unanimidade na comissão,
são de caráter terminativo. Ou seja, caso não haja recurso de algum senador,
eles serão encaminhados diretamente para votação na Câmara, sem precisar passar
pela análise do plenário do Senado.
Casos
A polêmica sobre a falta de punição a agressões
sexuais cometidas em transporte público ganhou notoriedade após o ajudante de
serviços gerais Diego Ferreira de Novais ser liberado por um juiz. Ele havia
sido preso na véspera depois de ejacular em uma passageira dentro de um ônibus
na Avenida Paulista.
Na ocasião, o juiz responsável pelo caso não viu
possibilidade de enquadrá-lo por estupro por não ter havido
"constrangimento, tampouco violência ou grave ameaça" no caso.
Novais, que havia sido indiciado por estupro, já tinha histórico de sucessivos
crimes sexuais e voltou a ser preso dias depois pelo mesmo motivo.
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