Novo Código Penal prevê mudanças na delação e prisão preventiva
As medidas, que em parte se tornaram pilares da Operação Lava Jato, costumam ser alvo de críticas dos parlamentares
No debate sobre o
novo Código de Processo Penal (CPP) na Câmara, deputados discutem mudanças nas
regras de delação premiada, prisão preventiva e condução coercitiva, além da
revogação do entendimento de que as penas podem começar a ser cumpridas após a
condenação em segunda instância. As medidas, que em parte se tornaram pilares
da Operação Lava Jato, costumam ser alvo de críticas dos parlamentares.
Segundo reportagem com Estadão, o Ministério Público
Federal (MPF) atribui à colaboração premiada importância significativa para o
sucesso da operação e considera que ações para rever os acordos têm por
objetivo enfraquecer as investigações. Atualmente, o instrumento é regulado
pela lei que trata de organizações criminosas, de 2013.
Pelo cronograma estabelecido pela comissão especial
que discute o tema, o relator João Campos (PRB-GO) deve entregar o seu parecer
ainda em agosto. Com isso, o projeto pode ser votado até outubro no plenário da
Câmara. O texto final será resultado de outros cinco relatórios parciais já
apresentados.
A reforma no CPP, que é de 1941, teve início no
Senado e foi aprovada em 2010. Na Câmara, ficou esquecida até o ano passado e
foi desengavetada durante a presidência do ex-deputado Eduardo Cunha (PMDB-RJ),
alvo da Lava Jato. O peemedebista teve a prisão preventiva decretada em outubro
de 2016 e está atualmente em Curitiba.
Presidente da comissão que discute o CPP na Casa, o
deputado Danilo Forte (PSB-CE) tem defendido alterações nos acordos de delações
premiadas e na aplicação da condução coercitiva. Esses pontos estão em
discussão, mas ainda não foram sistematizados em um relatório.
Forte discorda do fato de uma pessoa presa poder
fechar acordos de delação premiada e defende que hoje há um poder excessivo
concentrado nas mãos dos procuradores. Para ele, o juiz deveria acompanhar toda
a negociação entre o Ministério Público e o delator, e não apenas ter acesso ao
acordo no final do processo. Aliado de Temer, ele faz críticas ao acordo
fechado com os irmãos Joesley e Wesley Batista e diz que o perdão da pena
concedido a eles pelo procurador-geral da República, Rodrigo Janot, foi
excessivo.
Forte também considera que é preciso prever punições
para quem desrespeitar as regras da condução coercitiva, que deve ser colocada
em prática somente se uma pessoa se negar a prestar depoimento.
Com informações do Estadão
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