Viciados em redes sociais têm mais chances de desenvolver depressão
Por: Tribuna da Bahia
Passar muitas horas nas redes sociais pode ser um
forte indicativo de depressão e, em alguns casos, agrava o quadro da doença em
pacientes diagnosticados.
“As pessoas publicam apenas as coisas boas de suas
vidas, como viagens, idas a bons restaurantes e momentos de festa com os
amigos. Isso gera sentimentos de frustração, insegurança e pode desencadear
depressão em quem acompanha a vida dos outros nas redes sociais, uma vez que a
pessoa passa a acreditar que a sua vida é menos interessante que a dos outros”,
explica a psicóloga Ana Luíza Martins.
Segundo
estudo realizado pela Escola de Medicina da Universidade de Pittsburgh, nos
Estados Unidos, que entrevistou 1.787 adultos com idades entre 19 e 32 anos,
os “heavy users” (usuários que passam grande parte do tempo na
Internet) têm quase três vezes mais chance de sofrer de depressão do que
aqueles que conferem suas redes sociais com menos frequência.
Considerada uma doença silenciosa, a depressão é,
muitas vezes, ignorada pela falta de conhecimento.
Mas, segundo Ana Luíza Martins, familiares e amigos
próximos podem observar sinais de que algo errado está acontecendo. “É
importante ficarmos atentos às pessoas que estão ao nosso redor.
Mudanças em hábitos, como comer, beber ou dormir,
oscilações de humor como mais tristeza e/ou mais irritabilidade, forçar um
semblante feliz, falar de maneira mais filosófica do que o normal, sentir as
coisas de forma mais intensa e ter um ponto de vista menos otimista são alguns
sintomas”, explica.
Segundo a OMS, a doença afeta 4,4% da população
mundial. O Brasil é o país com maior prevalência de depressão da América
Latina, afetando 11,5 milhões de brasileiros (5,8% de sua população).
Também somos recordista mundial em prevalência de
transtornos de ansiedade: são 18,6 milhões de pessoas, representando 9,3% da
população.
Fatores sociais e políticos, como a crise econômica
e o crescimento da taxa de desemprego, influenciam diretamente o comportamento
das pessoas, causando aumento da ansiedade e da depressão. “Fazemos parte de
uma sociedade feita de competitividade, de estresse e de consumismo, o que
deprime ainda mais as pessoas”, explica a psicóloga.
Conversar sobre a depressão também é o melhor
caminho para a prevenção e tratamento da doença. “É uma maneira de acabarmos
com o estigma de que a pessoa que sofre deste mal é ‘preguiçosa’,
‘incompetente’ ou está com ‘frescura’. Com o devido conhecimento, passamos a
validar o sofrimento deste indivíduo e, então, podemos ajudá-lo a buscar um
tratamento adequado”, afirma a especialista.
De acordo com Ana Luíza Martins, pequenas ações
diárias podem ser consideradas pílulas para a prevenção do mal do século.
“É importante que cada um viva sua própria vida,
faça aquilo que gosta ao invés de fazer as coisas apenas para agradar aos
outros. Também não se comparar aos demais, pois as pessoas são únicas e vivem
histórias diferentes”, afirma a especialista. “Redes sociais são importantes no
mundo moderno, mas estar rodeado de pessoas que se ama, separar um tempo para
si mesmo, praticar exercícios e fazer atividades prazerosas trazem muito mais
benefícios”, finaliza.
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